ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ACOMETIDO POR GASTRITE

A gastrite é uma inflamação da mucosa gástrica e um distúrbio gastrintestinal (GI) comum. Acomete igualmente homens e mulheres e é mais frequente em indivíduos idosos, podendo ser classificada como aguda ou crônica com base no tempo de duração. 

A gastrite aguda é aquela em que se tem uma lesão da mucosa vigente e cuja duração é de várias horas a alguns dias. É frequentemente causada por imprudência alimentar (consumo de alimento irritante, que é excessivamente temperado ou de alimento contaminado). Observa-se, também, o desenvolvimento de gastrite aguda nas doenças agudas (p. ex., lesões traumáticas importantes, queimaduras, infecção grave, insuficiência hepática, renal ou respiratória, ou cirurgia de grande porte).

Já a gastrite crônica consiste na inflamação prolongada do estômago, que pode ser causada por úlceras benignas ou malignas do estômago ou por bactérias, como Helicobacter pylori (H. pylori). Quando causada pela infecção por H. pylori, está implicada no desenvolvimento de úlceras pépticas, câncer gástrico e linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT). A gastrite crônica pode também estar associada a doenças autoimunes, como anemia perniciosa, por exemplo.

Fisiopatologia

Na gastrite, a mucosa estomacal se torna hiperemiada, edemaciada e é acometida por uma erosão superficial, passando a secretar um suco gástrico pobre em ácido e mais rico em muco. Mais sujeita a ocorrência de ulceração, essa mucosa friável está em risco para hemorragias.

DiagramaDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

Manifestações Clínicas

Gastrite aguda:

  • Pode exibir início rápido dos sintomas;
  • Queixas de desconforto abdominal, cefaleia, cansaço, náuseas, anorexia, vômitos e soluços, que podem persistir por poucas horas a alguns dias;
  • Gastrite erosiva que, possivelmente, provoca sangramento manifestado por fezes escuras alcatroadas (melena) ou fezes sanguinolentas de coloração vermelho-vivo (hematoquezia).

Gastrite crônica:

  • Pode ser assintomática;
  • Queixas de anorexia, pirose após a alimentação, eructação, sabor amargo na boca ou náuseas e vômitos;
  • Podem ocorrer desconforto epigástrico discreto, intolerância a alimentos condimentados ou gordurosos, ou dor que é aliviada pelo consumo de alimento;
  • O cliente pode não ser capaz de absorver a vitamina B12 e geralmente apresenta evidências de má absorção dessa vitamina.

Tratamento

Gastrite aguda:

A mucosa gástrica tem a capacidade de autorreparo depois de um episódio de gastrite. Em regra, o cliente recupera-se em cerca de 1 dia, embora o apetite possa estar diminuído por mais 2 ou 3 dias. Entretanto, o cliente deve abster-se de:

  • Bebidas alcoólicas e alimentos até o desaparecimento dos sintomas. 
  • Em seguida, pode progredir para uma dieta com alimentos não irritantes. Se os sintomas persistirem, pode ser necessária a administração de líquidos intravenosos. 
  • Havendo sangramento, o tratamento assemelha-se ao da hemorragia do trato GI superior.
  • A terapia de suporte pode consistir em antiácidos e antagonista do receptor de histamina-2 (bloqueadores H2 – por exemplo, famotidina, ranitidina, inibidores da bomba de prótons, como lansoprazol); sondagem nasogástrica (NG) e líquidos IV podem ser necessários.

Gastrite crônica

As medidas essenciais ao tratamento consistem em modificação da dieta, repouso, redução do estresse, cessação do consumo de bebidas alcoólicas e de AINEs, além de farmacoterapia de suporte incluindo antiácidos, bloqueadores H2 ou inibidores da bomba de prótons. A gastrite relacionada com a infecção pelo H. pylori é tratada com combinações de medicamentos selecionados, que podem incluir vários antibióticos e um inibidor da bomba de prótons. 

  • Terapia farmacológica: antibióticos, inibidores da bomba de prótons (Omeprazol, Pantoprazol e Lanzoprazol) e sais de bismuto que suprimem ou erradicam o H.Pylori. A terapia recomendada por 10 a 14 dias inclui a terapia tríplice com dois antibióticos (metronidazol ou amoxilina e claritromicina mais um inibidor da bomba de prótons. Não se deve administrar antiácidos juntamente com derivados omeprazólicos, isto porque os derivados omeprazólicos necessitam de um pH ácido para realizar efeito.
  • Tratamento cirúrgico: pode ser indicado para pacientes com úlceras intratáveis, hemorragia potencialmente fatal, perfuração e obstrução bem como para aqueles com Síndrome de Zollinger‑Ellison (SZE, tumor de pâncreas ou duodeno que causa liberação excessiva do hormônio gastrina, aumentando a produção gástrica de HCl) que não respondem ao tratamento medicamentoso. Os procedimentos cirúrgicos incluem Vagotomia (transecção de nervos que estimulam a secreção ácida e a abertura do piloro) com ou sem Piloroplastia, Antrectomia (remoção da porção do antro do estômago) com anastomose com o duodeno (gastroduodenostomia ou Billroth I) ou o jejuno (gastrojejunostomia ou Billroth II).

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por Gastrites

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

Dor Aguda relacionada à lesão da mucosa gástrica.

Ansiedade relacionada à doença gástrica.

Déficit de Conhecimento sobre medidas de prevenção e controle da condição.

Metas da Assistência de Enfermagem relacionadas:

Redução / controle da dor.

Redução / controle da ansiedade.

Os cuidados de enfermagem para pacientes acometidos por gastrite incluem: 

  • Observar e registrar a ocorrência, a intensidade e a característica da dor abdominal.
  • Inspecionar, palpar e auscultar o abdome para detectar a ocorrência de alterações tais como distensão, rigidez e abolição de ruídos hidroaéreos.
  • Observar e registrar a ocorrência e a característica de vômitos.
  • Observar e registrar a ocorrência de sangue nos vômitos e/ou nas fezes.
  • Monitorar sinais vitais (para a ocorrência de taquicardia e hipotensão).
  • Instituir acesso venoso periférico para terapia com medicamentos e fluidos intravenosos.
  • Colher amostra de sangue venoso para monitorizar níveis do hematócrito e da hemoglobina.
  • Observar e registrar volume urinário.
  • Instalar SNG para lavagem gástrica nos casos em que ocorrer hematêmese → avaliar perdas, remover coágulos, prevenir distensão abdominal, náuseas/vômitos
  • Incentivar paciente a alternar atividades e repouso para evitar quadros de fadiga e intolerância à atividade.

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