ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM OSTEOMIELITE

A osteomielite é uma infecção do osso que resulta em inflamação, necrose e formação de novo osso e pode ser classificada em:

  • Osteomielite hematogênica – aquela que dissemina a infecção pelo sangue;
  • Osteomielite focal contígua – devido a contaminação in situ por lesão traumática, fratura ou cirurgia com abordagem óssea;
  • Osteomielite com insuficiência vascular – mais comum em pacientes diabéticos e aqueles com doença vascular periférica.

Os indivíduos com maior risco para o desenvolvimento de osteomielite são os desnutridos, obesos e idosos, além daqueles que possuem acometimento da imunidade e os portadores de doenças crônicas e autoimunes, principalmente se estiverem em terapia corticoide ou imunssupressora de longo prazo.

A osteomielite pós-operatória costuma ocorrer num período de 30 dias após a abordagem incisional superficial ou profunda. No caso de implantes, podem ocorrer dentro de um período de até um ano. Sepses profundas pós-artroplastias podem ser classificadas como:

  • Estágio 1 (fulminante aguda) – ocorrência nos 3 primeiros meses após a cirurgia ortopédica, normalmente associada a hematomas, drenagens ou infecções superficiais;
  • Estágios 2 (início tardio) – ocorrem num período entre 4 e 24 meses após a cirurgia;
  • Estágio 3 (tardia) – ocorre dentro de 2 anos ou mais, em consequência de uma infecção hematogênica.

As infecções ósseas são mais difíceis de serem solucionadas do que as de outros tecidos moles visto que que o osso é um tecido avascular, não acessível às defesas imunes do organismo e menos responsivos à antibioticoterapia. O problema, então, pode tornar-se crônico, afetando a qualidade de vida do paciente.

Fisiopatologia

Mais de 50% das infecções ósseas são causadas por Staphylococcus aureus. Outros patógenos frequentes são os gram-negativos, como estrepto e enterococos, seguidos por Pseudomonas (Venugopalan & Martin, 2007). A resposta orgânica primária é a inflamação, o aumento da vascularização e o edema. Dois ou três dias depois, ocorre a trombose vascular local, que reverbera em isquemia e necrose óssea. 

Quando a infecção se estende até a cavidade medular e sob o periósteo, pode se disseminar para os tecidos moles e articulações próximas. A não ser que o processo seja tratado prontamentamente, verifica-se a formação de abcesso ósseo, que gera uma cavidade com tecido ósseo morto (o chamado sequestro ósseo), que não se liquefaz nem drena, impedindo a cicatrização local, como a que ocorre nos outros tecidos orgânicos.

Forma-se, então, um osso novo chamado invólucro, que circunda o sequestro. Embora emule uma consolidação óssea, o sequestro permanece infectado e produz abscessos recorrentes durante a vida do paciente -a a chamada osteomielite crônica.

DiagramaDescrição gerada automaticamente

FONTE: Revista Brasileira de Ortopedia, 

< https://www.rbo.org.br/detalhes/3202/pt-BR/osteomielite-cronica-pos-operatoria-nos-ossos-longos-%E2%80%93-o-que-sabemos-e-como-conduzir-esse-problema->

Manifestações Clínicas

Quanto a infecção ganha a corrente sanguínea, o início dos sinais e sintomas costuma ser súbitos como os da sepse: calafrios, febre alta, taquicardia, mal-estar generalizado etc. A princípio, os sintomas sistêmicos mascaram os locais, mas à medida que a infecção se estende pelo tecido ósseo e acomete o periósteo/ tecidos moles, o local se torna muito dolorido, edemaciado e hipersensível. 

O paciente pode descrever uma dor pulsátil que não cessa e que se intensifica à mobilização como consequência da pressão que a coleção de pus acumulado exerce sobre a lesão. Quando a osteomielite ocorre como resultado de disseminação de uma infecção externa, ou de uma infecção externa, ou por contaminação sobre o sítio ósseo, as manifestações típicas de sepse não poderão ser observadas, apenas as locais: tumefação, hipersensibilidade, hiperemia e calor local.

O paciente com osteomielite crônica apresenta uma úlcera que não cicatriza, localizada sobre a porção óssea acometida, com uma fístula de conexão que drena o pus de forma intermitente.

Tratamento

A meta do tratamento consiste em controlar e deter o processo infeccioso. A antibioticoterapia é determinada pelo resultado de hemoculturas e cultura da ferida. Medidas de suporte geral como hidratação, nutrição, suplementação e correção de anemias também são implementadas. A área acometida também é imobilizada com a finalidade de mitigar desconfortos e impedir fraturas patológicas do osso enfraquecido.

O tratamento cirúrgico visa debridar o tecido não viável quando a terapia antibiótica não faz o efeito desejado. Após a abordagem, o material purulento e necrótico é removido e a área é lavada com solução fisiológica estéril. Materiais impregnados com antibióticos podem ser colocadas na ferida para liberação local prolongada do agente, conforme a necessidade, enquanto a antibioticoterapia endovenosa é mantida.

No caso de osteomielites crônicas, os antibióticos atuam como adjuvantes à terapia principal, que é a cirúrgica. A sequestrectomia, procedimento de remoção do invólucro que contém o sequestro cirurgicamente. Muitas vezes, remove-se uma quantidade maior de tecido ósseo (mais funda do que apenas a remoção do tecido inviável) em busca da resposta orgânica de cicatrização – esse procedimento é chamado craterização. A ferida, então, é obliterada com compressa ou enxerto.

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por Osteomielites

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

Dor aguda relacionada com a inflamação e o edema.

Comprometimento da mobilidade física relacionada com a dor.

Risco da extensão da infecção: formação de abscesso ósseo.

Ansiedade relacionada à doença óssea, à dor e à ferida.

Déficit de conhecimento sobre o esquema de tratamento.

Metas da Assistência de Enfermagem relacionadas:

Redução / controle da dor.

Melhora da mobilidade física.

Controle / erradicação da infecção.

Redução / controle da ansiedade.

Conhecimento sobre a condição de saúde e esquema terapêutico.

Os cuidados de enfermagem para pacientes acometidos por osteomielite incluem: 

  • Imobilizar a área afetada para reduzir a sensação dolorosa e eventuais espasmos musculares.
  • Inspecionar o estado neurovascular do membro imobilizado.
  • Manter o membro acometido mais elevado do que o nível do coração, quando possível, para reduzir edemas e os desconfortos causados por ele.
  • Ensinar ao paciente sobre a necessidade de restrição da mobilidade física.
  • Mobilizar as articulações do membro imobilizado com delicadeza em toda a sua amplitude.
  • Monitorar resposta à antibioticoterapia.
  • Monitorar o acesso venoso e sinais de flebite, em caso de terapia infusional.
  • Monitorar sinais de superinfecções como candidíase oral ou vaginal e infecções gastrointestinais.
  • Trocar o curativo mantendo técnica estéril, atentando para a escolha da melhor tecnologia para drenagem de secreções.
  • Estimular o paciente a compartilhar suas angústias por meio de uma conversa terapêutica baseada na confiança e honestidade.
  • Promover escuta ativa em relação à fala do paciente.
  • Ensinar o paciente sobre aspectos relacionados ao autocuidado.

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