ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM HIPERCALEMIA

Definições importantes

O Potássio (K+) é um cátion predominantemente intracelular, de modo que sua concentração sérica é bem menor e mais estreita que a do Na+, variando de 3,5mEq/L até 5,0mEq/L. Esse mecanismo regulatório depende da ação da bomba de Na+/K+/ATPase, da insulina, aldosterona, de agentes beta-adrenérgicos e do pH sanguíneo. 

A hipercalemia (ou hiperpotassemia) é o acúmulo de potássio no sangue em níveis superiores a 5,0mEq/L e é um distúrbio que raramente acontece em pacientes com a função renal normal, tendo como causa mais comum iatrogenias relacionadas a tratamento médico. Embora a hipercalemia seja menos comum na prática clínica que a hipocalemia (níveis sanguíneos de potássio menores que 3,5mEq/l), ela é potencialmente mais perigosa, uma vez que está relacionada com distúrbios de ritmo cardíaco e até mesmo parada cardíaca.

Fisiopatologia

As três principais causas relacionadas com a hipercalemia são diminuição da excreção renal (taxa de filtração glomerular <10 a 20% do normal), administração rápida de cloreto de potássio e escape do íon do líquido intracelular (LIC) para o extracelular (LEC). 

Pacientes com Doença de Addison e hiperaldosteronismo também estão em risco de hiperpotassemia, pois essas condições levam à perda de sódio e retenção de potássio. Os tratamentos medicamentosos tipicamente relacionados ao distúrbio incluem, além do óbvio cloreto de potássio, a heparina, inibidores da ECA, AINES, betabloqueadores e diuréticos poupadores de potássio.

Na acidose, o íon também se desloca do LIC para o LEC, em contracorrente aos cátions de H+ que entram nas células para tamponar o pH externo. Níveis aumentados de potássio também devem ser considerados em casos de extensas lesões celulares (queimaduras, esmagamentos, rabdomiólises), na lise tumoral causada em tratamentos quimioterápicos e grandes tranfusões.

Clínica

  • Náuseas, 
  • diarreia, 
  • fraqueza, paralisia, parestesia, cãibras, 
  • alterações de frequência cardíaca (taquicardia que evolui para bradicardia), 
  • distensão abdominal, 
  • irritabilidade e ansiedade.
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Ao ECG: as alterações cardíacas não costumam ser significativas com níveis de potássio inferiores a 7mEq/L, mas sempre estão presentes a partir de 8mEq/L. Já com 6mEq/L, é possível observar o estreitamento e apiculamento da onda (em tenda), prolongamento de intervalo PR, depressão de ST, onda P ausente. 

Por fim, há a decomposição e alargamento do complexo QRS e, nessa progressão, a as arritmias ventriculares e a parada cardíaca podem acontecer a qualquer momento.

Diagnóstico

É feito com base nos níveis séricos e no eletrocardiograma. A gasometria arterial pode revelar tanto acidose metabólica, quanto respiratória.

Tratamento

Feito com base em terapia diuréticos, glicoinsulinoterapia, metilxantinas, salbutamol, Gluconato de Cálcio, bicarbonato de sódio, resina de troca de cátions (Sorcal), diálise. A correção de eventuais acidoses também ajuda a nivelar o potássio sérico.

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por Hipercalemia

Histórico de Enfermagem:

Os pacientes com distúrbios do potássio precisam ser identificados e rigorosamente monitorados para os sinais e sintomas de hipercalemia. A enfermeira deve atentar para queixas como fraqueza muscular, sintomas gastrointestinais como náuseas e cólicas, além de sinais de arritmia ao ECG.

Os níveis de ureia, creatinina, glicose e gasometria arterial também devem ser monitorados, principalmente naqueles pacientes em maior risco para hiperpotassemia.

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

  • Risco de desequilíbrio hidroeletrolítico relacionado à terapia medicamentosa/ disfunção renal/trauma.
  • Fadiga relacionada a anormalidades bioquímicas caracterizado por fraqueza/ parestesia/ paralisia.

Metas da Assistência de Enfermagem:

  • Manutenção dos níveis adequados de volume e de eletrólitos.
  • Compreensão sobre o estado de saúde.

Os cuidados de enfermagem incluem: 

  • Implementar balanço hídrico rigoroso.
  • Monitorar débito urinário.
  • Garantir monitorização cardíaca do paciente.
  • Proporcionar condições de suporte de vida em caso de descompensações.
  • Verificar exames de sangue e gasometria arterial.
  • Orientar sobre o estado de saúde, fatores desencadeantes, regime terapêutico e potencial de melhora.
  • Ajudar o paciente e a família a entender as restrições da terapia.

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