DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)

De acordo com Brunner, a limitação do fluxo de ar é habitualmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória do pulmão a partículas ou gases nocivos”. A DPOC pode incluir doenças que causam obstrução ao fluxo de ar tais como o Enfisema e a Bronquite Crônica ou qualquer combinação desses distúrbios. 

Outras doenças como a Fibrose Cística ou Mucoviscidose (doença genética, crônica, que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo, caracterizada pelo espessamento do muco), a Bronquiectasia (dilatação irreversível dos brônquios em decorrência da destruição dos componentes elásticos e musculares de sua parede) e a Asma, que outrora eram classificados como tipos de DPOC, são classificadas, hoje em dia, como distúrbios pulmonares crônicos. 

Na atualidade a asma é considerada um distúrbio separado e distinto, sendo classificada como uma condição anormal das vias respiratórias, caracterizada principalmente por uma inflamação reversível

Fisiopatologia

Na DPOC, a limitação do fluxo aéreo está associada a resposta inflamatória exacerbada a partículas e gases tóxicos. A agressão desses agentes se dá tanto em vias aéreas proximais quanto distais, bem como em tecido pulmonar e sua vasculatura.

Seu caráter crônico e progressivo, além das constantes inflamações e reparos teciduais reverberam em estreitamento e perda de função tissular com espessamento da parede das vias respiratórias e fibrose e no aumento na quantidade de células caliciformes, causadoras de hipersecreção de muco.

A continuidade dos processos de lesão e reparo cicatrizam a mucosa respiratória e estreitam a luz das vias aéreas, alterando permanentemente a estrutura local. A nível alveolar, perde-se a elasticidade típica do parênquima e se espessa o epitélio simples especializado na difusão gasosa, o que em muito dificulta a hematose.

A hipertrofia da musculatura lisa da vasculatura pulmonar em resposta ao aumento das pressões de troca podem reverberar em hipertensão pulmonar. Já os desequilíbrios relacionados às substâncias como proteinases e antiproteinases pioram ainda mais a limitação de ar. Duas são as principais DPOCs cobradas em provas: Bronquite Crônica e Enfisema Pulmonar.

A bronquite crônica é definida como a presença de tosse e produção de escarro durante pelo menos 3 meses, a cada 2 anos consecutivos. Em muitos casos, a fumaça de cigarro ou outros poluentes ambientais irritam as vias respiratórias, resultando em inflamação e hipersecreção de muco, as paredes brônquicas também se tornam espessadas e os alvéolos adjacentes sofrem lesão e fibrose.

Tela de celular com texto preto sobre fundo brancoDescrição gerada automaticamente com confiança média

FONTE: Brunner & Suddarth

No enfisema pulmonar, o comprometimento na troca de oxigênio e dióxido de carbono resulta da destruição das paredes dos alvéolos hiper distendidos. O termo enfisema descreve uma distensão anormal dos espaços aéreos além dos bronquíolos terminais, com destruição das paredes dos alvéolos e redução da área de superfície de troca gasosa, resultando em Aumento do Espaço Morto (ar que não sofre troca), Tórax em Barril, Hipoxemia e Hipercapnia Crônica (aumento da pressão de dióxido de carbono no sangue arterial) com Acidose Respiratória. 

À medida que as paredes capilares continuam o processo de destruição, o leito capilar pulmonar diminui de tamanho gerando aumento na resistência vascular pulmonar (Hipertensão Pulmonar). A pós-carga aumentada faz com que o ventrículo direito trabalhe de forma sobrecarregada, resultando em dilatação e Insuficiência Cardíaca Direita com manifestações de congestão sistêmica, tais como edema nos membros inferiores, turgência jugular, ascite, hepatoesplenomegalia dolorosa. Esta condição é denominada Cor Pulmonale.

A hipoxemia crônica aumenta a liberação de eritropoetina pelos rins, este hormônio estimula a medula óssea a produzir mais hemácias, gerando um quadro conhecido como Policitemia. Outra manifestação clínica da hipoxemia crônica é o Baqueteamento Digital.

Existem dois tipos principais de enfisema, com base nas alterações que ocorrem no pulmão, ambos podem ocorrer no mesmo paciente:

  • Panlobular (Panacinar): destruição do bronquíolo respiratório, ducto alveolar e alvéolo.
  • Centrilobular (centroacinar): as alterações são observadas no centro do lóbulo secundário, preservando as funções periféricas do ácino.
Gráfico, Gráfico de bolhasDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

Clínica da DPOC

Embora os sinais e sintomas possam variar, os três principais achados incluem:

  • Tosse;
  • Produção de escarro (alguns pacientes podem não apresentar tosse produtiva);
  • Dispneia.

Com o tempo, as alterações podem se tornar mais evidentes, incluindo a morfologia torácica, que assume a forma de um barril:

DiagramaDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

Diagnóstico

A espirometria é um dos exames complementares utilizados para diagnosticar a DPOC. A espirometria avalia a relação VEF/CVF (volume expiratório forçado no primeiro segundo / capacidade vital forçada), um resultado abaixo de 0,70 caracteriza obstrução. A diminuição do VEF reflete a intensidade da obstrução.

Os volumes e capacidades pulmonares são utilizados para avaliação da função pulmonar e da mecânica ventilatória. Esses volumes podem ser mensurados pelo espirômetro.

  • Volume corrente: volume de cada respiração, 500ml ou 5 – 10 ml/Kg;
  • Volume de reserva inspiratória: vol. Max. de ar que pode ser inspirado, 3000ml;
  • Volume de reserva expiratória: vol. Max. expirado após expiração normal, 1100ml;
  • Volume residual: volume de ar que permanece após expiração máxima, 1200ml;
  • Volume minuto: volume de ar inspirado e expirado em 1min, útil na detecção na insuficiência respiratória, VM= VC x FR; 
  • Capacidade Vital: inspiração máxima e expiração total através de um respirômetro, 4600ml, encontra-se diminuída na dç neuromuscular, atelectasia, edema pulmonar e DPOC. Quando < 10ml/Kg existe indicação de VM;
  • Capacidade Inspiratória: volume máximo de ar inspirado, 3500ml;
  • Capacidade Residual Funcional: Volume de ar que permanece nos pulmões após a expiração normal, 2300ml;  
  • Capacidade pulmonar total: volume de ar nos pulmões após uma inspiração máxima, 5800ml.

Tratamento Médico

O tratamento farmacológico do DPOC inclui o uso de Broncodilatadores para aliviar o broncoespasmo, tais como o Fenoterol, Albuterol, Terbutalina e o Salbutamol (agonistas beta-adrenérgicos) o Ipatrópio (parassimpaticolítico ou anticolinérgico) e a Aminofilina e Teofilina (metilxantina). Atentar para os efeitos colaterais destes medicamentos que incluem taquicardia, tremores, sudorese e aumento da pressão arterial. 

Os Corticosteroides também são drogas muito usadas devido ao seu poder anti-inflamatório, melhorando o edema, a hiperemia e a produção de secreção. A combinação de broncodilatadores agonistas beta2-adrenérgicos e corticosteroides inalatórios pode ser apropriada, tais como formoterol/budesonida e salmeterol/fluticasona.

No caso da asma, quando o componente alérgico está presente, o uso de Adrenalina por via subcutânea é uma alternativa farmacológica eficaz para reversão rápida do mal asmático.

Outros tratamentos farmacológicos podem ser utilizados, tais como a terapia de aumento da alfa1-antitripsina, agentes antibióticos, Mucolíticos (acetilcisteína), antitussígenos, vasodilatadores (o Sildenafil é muito usado no tratamento do cor pulmonale) e narcóticos.

A Oxigenoterapia no DPOC é uma terapia contínua e a longo prazo, tendo como objetivo aumentar a pressão arterial parcial de oxigênio (PaO2) basal e repouso para pelo menos 60mmHg e uma saturação de oxigênio arterial (SaO2) de pelo menos 90%, melhorando a qualidade de vida, reduzindo a pressão na artéria pulmonar, a dispneia e melhora a sobrevida dos pacientes portadores de DPOC.

A oxigenoterapia a longo prazo é habitualmente introduzida quando o paciente apresenta uma PaO2 de 55mmHg ou menos ou evidências de hipóxia tecidual e lesão orgânica, como cor pulmonale, policitemia secundária, edema em decorrência da ICC direita ou comprometimento do estado mental (Brunner, 2016).

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por DPOC

Histórico de Enfermagem:

A coleta de dados do paciente pelo enfermeiro constitui uma das partes mais importantes no cuidado desses pacientes. É por meio dele que se estabelece o estado atual para que qualquer desvio nas condições dele possa ser prontamente identificada e, assim, se atenda suas necessidades de saúde.

Para isso, o enfermeiro coleta a história de saúde, os sinais e sintomas típicos de DPOC, com especial atenção e registro de fatores como tempo, duração e intensidade, além histórico sobre manifestações prévias e exposições a agentes tóxicos como fumaça ou a infecções respiratórias, por exemplo. O enfermeiro também deve avaliar a postura, nível de consciência e de orientação.

O exame físico compreende os sinais de dispneia e broncoespasmo (ansiedade, desorientação), tosse com ou sem expectoração, utilização de musculatura acessória, coloração e umidade da pele, ausculta cardíaca com roncos grosseiros que cedem aos tossir (sinal de secreção em vias aéreas) e sibilos (estreitamento de vias aéreas).

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

Troca Gasosa Prejudicada e eliminação traqueobrônquica ineficaz relacionada à inalação de toxinas.

Troca Gasosa Prejudicada relacionada a desequilíbrio da relação ventilação-perfusão.

Eliminação Traqueobrônquica Ineficaz relacionada a broncoconstricção, produção aumentada de muco, infecção e outras infecções.

Padrão Respiratório Ineficaz relacionado à dispneia, muco e broncoconstricção.

Ansiedade relacionada ao comprometimento das trocas gasosas.

Déficit de autocuidado relacionado com fadiga em consequência da DPOC.

Planejamento de Enfermagem (Intervenções e Resultados Esperados):

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FONTE: Brunner & Suddarth

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