Diabetes Mellitus tipo I e II (DM I e II)

Ele pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.

De acordo com Brunner, os fatores de risco incluem:

  • História familiar de diabetes (pais/irmãos);
  • Obesidade ((peso 20% acima do valor desejável ou IMC ≥ 27kg/m²);
  • Raça/etnia (afrodescendentes, hispânicos, indígenas, orientais e nativos das Ilhas do Pacífico);
  • Alterações dos valores da glicose em jejum ou comprometimento prévio da tolerância à glicose;
  • Hipertensão arterial (≥140/90mmHg);
  • Dislipidemias;
  • Histórico de diabetes gestacional ou parto de RN >4,5kg.

Fisiopatologia

Em condições normais, a insulina secretada pelo pâncreas e possui ação anabólica. Quando a pessoa digere a alimentação, o organismo sinaliza para que o órgão libere o hormônio, crucial para promover a entrada da glicose nas células do corpo dos músculos, fígado e de gordura.

Nessas células, a glicose servirá como substrato para a produção da energia necessária à manutenção das funções celulares e, consequentemente, da vida. Já no fígado e nos músculos, a glicose é armazenada sob a forma de glicogênio hepático e muscular, respectivamente. Além disso, o aporte energético da entrada da molécula nas células induz a inibição da degradação de tecidos musculares e adiposos como fontes alternativas de energia.

DiagramaDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

No caso do diabetes tipo I, de manifestação geralmente abrupta e mais comum em crianças e adolescentes sem excesso de peso, a  hiperglicemia  é  acentuada,  evoluindo  rapidamente  para  cetoacidose,  especialmente  na  presença  de infecção ou outra forma de estresse.  

O termo “tipo I” indica o processo de destruição da célula beta que leva ao estágio de  deficiência absoluta de insulina, quando a administração de insulina é necessária para prevenir cetoacidose.

Já no caso do diabetes do tipo II, o início costuma ser insidioso e  seus sintomas  mais  brandos.  Manifesta-se, em  geral,  em  adultos  com  longa  história  de excesso de peso e com história familiar de DM tipo 2. No entanto, com a epidemia de obesidade atingindo crianças, observa -se também um aumento na incidência de diabetes em jovens, até mesmo em crianças e adolescentes.

O termo “tipo II” é usado para designar uma deficiência relativa de insulina, isto é, há um estado de resistência à ação da insulina, associado a um defeito na sua secreção, o qual é menos intenso do que o observado no diabetes tipo I.

Clínica do DM

As manifestações clássicas incluem os três “P”:

  • Polifagia (aumento do apetite);
  • Polidipsia (sede intensa);
  • Poliúria (aumento do débito urinário).

Esses três sintomas são facilmente explicados pela ausência de aporte energético intracelular que ativa mecanismos de fome e pelo intenso aumento da osmolaridade sanguínea que gera desidratação celular, aumento do volume plasmático e consequente aumento do volume excretado pelos rins.

Outros sintomas são fraqueza, distúrbios visuais, dormência nas extremidades, infecções e cicatrização comprometida. No DM do tipo I pode ocorrer ainda perda de peso.

Diagnóstico

Interface gráfica do usuário, Texto, AplicativoDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

De acordo com o Ministério da Saúde (2013), o diagnóstico de DM é feito de acordo com os seguintes parâmetros:

TabelaDescrição gerada automaticamente

FONTE: BRASIL, 2010.

Tratamento Médico

O tratamento do DM visa o controle  dos  níveis  glicêmicos que, se bem feito, poderá manter o paciente  assintomático  e  prevenir as  complicações  agudas  e  crônicas,  otimizando  a  qualidade  de  vida  e  reduzindo  a mortalidade.

A terapia medicamentosa inclui antidiabéticos orais e/ou a insulina. Os  antidiabéticos  orais  constituem-se  a  primeira  escolha  para  o  tratamento  do  DM  tipo  2  não  responsivo  a  medidas  não farmacológicas isoladas, uma vez que promovem, com controle estrito, redução na incidência de complicações, têm boa aceitação pelos pacientes, simplicidade  de prescrição e levam a menor aumento de peso em comparação à insulina. 

A escolha do medicamento geralmente segue a sequência apresentada a seguir. No entanto, casos com hiperglicemia severa no diagnóstico  (>300  mg/dl)  podem  se  beneficiar  de  insulina  desde  o  início.  Outros  fatores  que  podem  nortear  a  escolha  de  um medicamento, além do custo, são as preferências pessoais. Ao combinar mais de um fármaco, levar em conta que a efetividade comparativa  da  adição  de  um  novo  hipoglicemiante  oral  mostra  uma  redução  de  0,9%  a  1,1%  para  cada  novo  fármaco acrescentado (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013):

Tela de computador com texto preto sobre fundo brancoDescrição gerada automaticamente

FONTE: BRASIL, 2010.

Tratamento farmacológico: 1ª linha

Se a pessoa não alcançar a meta glicêmica em até três meses com as medidas não farmacológicas, o tratamento preferencial é acrescentar a metformina plano terapêutico. A introdução mais precoce pode ser considerada em alguns pacientes que não respondem ao tratamento, com ou sem excesso de peso. 

A escolha desta medicação como primeira opção terapêutica deve-se ao seu perfil de segurança em longo prazo, efeito neutro e até mesmo de redução do peso, ausência de hipoglicemias e sua capacidade de reduzir eventos macrovasculares. A metformina pode reduzir a incidência de infarto agudo do miocárdio em 36% e mortalidade em 32%.

Tratamento farmacológico: 2ª linha

A associação de um segundo fármaco ocorre com a maioria das pessoas com DM tipo 2, em virtude do caráter progressivo da doença.  Cerca  de  metade  das  pessoas  que  atingiram  o  controle  glicêmico  com  monoterapia  requerem  a associação de outra medicação dois anos depois. Se as metas de controle não forem alcançadas após três a seis meses de uso de metformina, pode-se associar uma sulfonilureia.

As  sulfonilureias  também  podem  ser  utilizadas  como  primeira  escolha  quando  há  perda  de  peso  e  teores  glicêmicos  mais elevados,  indicando  secreção  insuficiente  de  insulina.  A  prescrição  da  sulfonilureia  como  segunda  medicação baseia-se na longa experiência com seu uso.

Tratamento farmacológico: 3ª linha

Se o controle metabólico não for alcançado após o uso de metformina em associação com uma sulfonilureia por três a seis meses, deve  ser  considerada  uma  terceira  medicação.  A  insulina  também  é  considerada  quando  os  níveis  de  glicose  plasmática estiverem maiores de 300 mg/dL, na primeira avaliação ou no momento do diagnóstico, principalmente se acompanhado de perda de peso, cetonúria e cetonemia.

As classes de medicamentos que podem ser utilizadas nesta etapa são insulinas de ação intermediária ou longa. Como todas as classes têm eficácia semelhante (redução média de 1% na HbA1c), recomenda-se o uso de insulina intermediária devido à longa experiência com seu uso e ao menor custo.

TabelaDescrição gerada automaticamente

FONTE: BRASIL, 2010.

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por DM

Histórico de Enfermagem:

A coleta de dados do paciente pelo enfermeiro constitui uma das partes mais importantes no cuidado desses pacientes. É por meio dele que se estabelece o estado atual para que qualquer desvio nas condições dele possa ser prontamente identificada e, assim, se atenda suas necessidades de saúde.

Para isso, o enfermeiro coleta a história de saúde, os sinais e sintomas típicos de DM, com especial atenção e registro de fatores como tempo, duração e intensidade, além histórico sobre manifestações. O enfermeiro também deve avaliar fatores como conhecimento, auto cuidado e estilo de vida.

TextoDescrição gerada automaticamente

FONTE: Brunner & Suddarth

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

  • Risco de Infecção relacionado à alteração da glicemia.
  • Risco de Integridade da pele prejudicada relacionado a metabolismo dos carboidratos alterado.
  • Fadiga relacionada à alteração na glicemia, caracterizada por relato verbal de falta de energia persistente.
  • Risco de Disfunção Neurovascular Periférica relacionado aos distúrbios no metabolismo dos carboidratos.

Planejamento de Enfermagem (Resultados Esperados e Intervenções):

Resultados esperados:

  • Verbalizará que entende os fatores de risco específicos relacionados ao seu caso.
  • Entenderá as intervenções necessárias para evitar o agravamento do seu quadro.
  • Demonstrará mudanças no estilo de vida para promover a própria saúde.
  • Adotará medidas que evitem a ocorrência de lesão na pele.

Intervenções:

  • Atentar para sinais de infecção como febre, calafrios, sudorese, alteração no nível de consciência, piúria, dispneia, espirros ou sinais de infecção locais.
  • Ensinar sobre técnicas de higienização de mãos, etiqueta respiratória e cuidado com alimentos e bebidas.
  • Manter ingesta hídrica adequada.
  • Ensinar sobre a importância da hidratação da pele após o banho.
  • Lavar com água em temperatura amena e enxugar cuidadosamente a pele.
  • Explicar sobre o cuidado com as unhas e os pés.
  • Avaliar diariamente os membros, inclusive as áreas entre os dedos dos pés.
  • Evitar traumatismos, calçados apertados, compressões desnecessárias em membros inferiores.
  • Orientar o paciente sobre as mudanças de estilo de vida necessárias para a manutenção da saúde.
  • Ensinar mecanismos de otimização da energia física e mental para execução de tarefas consideradas primordiais para o paciente.
  • Avaliar a necessidade de auxílio para a execução de tarefas e das atividades de autocuidado.
  • Considerar a possibilidade da utilização de dispositivos de auxiliares para poupar energia.

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