Definições importantes
A Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA) é um sítio de assistência pós-operatória que fica próxima ao Centro Cirúrgico (CC) e atende aqueles pacientes que ainda se encontram sob efeito da anestesia. Nele atuam profissionais altamente especializados (enfermeiros, anestesistas e cirurgiões) com foco no monitoramento e suporte hemodinâmico e pulmonar avançados.
O cuidado pós-anestésico pode ser dividido em 3 fases:
- Fase I: são ofertados cuidados intensivos e enfermagem;
- Fase II: prepara-se o paciente para o autocuidado;
- Fase III: o paciente recebe preparos específicos relacionados à alta.
A permanência na URPA varia entre 4h e 6h dependendo do procedimento cirúrgico e das condições do paciente.
Admissão na URPA
A transferência do paciente na Sala Operatória (SO) para a URPA é responsabilidade conjunta da enfermeira e do anestesista (que deverá localizar-se à cabeceira da maca). Durante o transporte, especial atenção deverá ser dada:
- ao sítio de incisão (evitando tensões adicionais);
- cateteres, sondas, tubos, drenos (evitando extração e obstruções);
- alterações vasculares (proteção contra hipotensão e hemorragias);
- exposição do paciente (troca de vestes sujas e molhadas por itens limpos e secos, além de cobertas, quando necessário); e
- levantamento das grades laterais (proteção contra quedas).
A enfermeira responsável pela admissão do paciente na URPA deve checar minuciosamente as seguintes informações com o anestesista:
- Nome, idade e sexo do paciente;
- Procedimento cirúrgico;
- Agentes anestésicos e de reversão utilizados na operação;
- Perda hídrica (líquidos e sangue) estimada;
- Reposição hídrica executada;
- Sinais vitais e intercorrências;
- Diagnósticos clínicos pré-operatórios;
- Considerações para o Pós-Operatório Imediato (POI);
- Barreiras de linguagem/comunicação; e
- Localização da família do paciente.
Cuidados de Enfermagem na URPA
Os objetivos primordiais da assistência de enfermagem na URPA são a oferta de cuidados críticos até a recuperação anestésica (sensitiva e motora), analgesia pós-operatória, restabelecimento da orientação, dos parâmetros vitais do paciente e a prevenção de complicações (com ênfase em hemorragias e infecções).
Para isso, a avaliação minuciosa do paciente é imprescindível e devem acontecer de forma frequente e sistemática:
- Função respiratória;
- Função cardiovascular;
- Coloração cutânea;
- Nível de consciência;
- Capacidade de resposta a comandos verbais.
A avaliação da alta do paciente da URPA depende do restabelecimento das condições gerais e prontidão do paciente para a transferência do setor. A observação, registro e avaliação da sua evolução servem como base para nortear a decisão.
Uma ferramenta frequentemente utilizada nesse processo é a Escala de Aldrete, um sistema de pontuação baseado num conjunto de critérios objetivos. Pacientes com pontuação inferior a 7 necessitam permanecer na URPA ou serem remanejados para uma unidade de terapia intensiva. Quando atingem pontuação entre 8 e 10, indicam condições orgânicas compatíveis com a alta do setor.
FONTE: Brunner & Suddarth
Processo de Enfermagem voltado ao paciente admitido na URPA
Diagnósticos de Enfermagem possíveis:
- Risco de função respiratória comprometida relacionada à depressão do centro respiratório e permeabilidade de vias aéreas alterada;
- Dor aguda relacionada à incisão cirúrgica;
- Risco de sangramento/ débito cardíaco diminuído relacionado à hemorragia/ choque;
- Risco de infecção relacionado ao comprometimento da barreira cutânea devido à ferida operatória;
- Risco de eliminação vesical/ intestinal comprometida relacionado a agentes anestésicos/ medicamentos/ alteração da dieta/ imobilidade.
Metas da Assistência de Enfermagem:
- Promoção da respiração adequada;
- Manutenção da analgesia;
- Proteção contra sangramentos;
- Proteção contra infecções;
- Manutenção da adequada eliminação vesical/ intestinal.
Os cuidados de enfermagem incluem:
- Posicionar o paciente de forma a otimizar a expansão pulmonar, atentando para sua segurança e conforto;
- Atentar para sinais de alterações respiratória com ênfase nos parâmetros ventilatórios, saturação de oxigênio, exalação de gás carbônico e gasometria arterial;
- Avaliar o reflexo de tosse para pacientes extubados (a tosse pode ser contraindicada para pacientes com necessidade de controle rigoroso da pressão intracraniana, após cirurgias oftalmológicas e algumas intervenções plásticas em tecidos delicados);
- Administrar oxigênio suplementar, se necessário;
- Avaliar nível de consciência, orientação e capacidade de mobilização no leito;
- Mobilizar o paciente no leito e incentivar a respiração profunda para evitar atelectasia e o acúmulo de secreções em vias aéreas baixas;
- Avaliar nível e características da dor e antecipar a analgesia prescrita conforme o caso para evitar a ocorrência/ exacerbação desnecessária da dor;
- Avaliar a efetividade da terapia analgésica após a administração;
- Avaliar continuamente parâmetros como pressão venosa central, débito urinário e pressão arterial média para detectar diminuição de débito cardíaco de forma precoce;
- Supervisionar atentamente a ferida operatória, sinais de infecção, sistemas de drenagem, quantidade e aspecto da secreção e hemograma do paciente;
- Manipular curativos mantendo técnica estéril;
- Avaliar ocorrência de distensões vesical/ abdominal;
- Avaliar a utilização de emolientes intestinais.