ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ÚLCERAS EM MEMBROS INFERIORES (MMII)

Definições importantes

Uma úlcera de MMII pode ser definida como uma escavação da superfície cutânea, quando um tecido desvitalizado se desprende. Cerca de 75% dessas úlceras são consequência de Insuficiências Vasculares do tipo Venosa; 20% de Insuficiências Vasculares Arteriais; e 5% são por outras causas como, por exemplo, queimaduras e anemia falciforme.

Fisiopatologia

A troca inadequada de oxigênio e nutrientes é o principal distúrbio adjacente às Úlceras de MMII. Quando as células são afetadas por privações metabólicas, entra em sofrimento e, se essa situação perdurar a ponto de inviabilizar o equilíbrio energético, elas morrem. Esse fenômeno pode ser dar em nível arterial, capilar ou venoso, resultando em necrose e úlcera.

Clínica

As manifestações clínicas das Úlceras de MMII variam em função da etiologia e podem até mesmo ter mais de uma causa (principalmente em idosos). Já a gravidade dos sintomas depende do grau, extensão e duração do acometimento vascular, apresentando desde uma lesão inflamada e secretiva até totalmente ocluída por uma necrose seca e muito aderida.

Úlceras Arteriais podem ser identificadas pela marcha claudicante intermitentemente do paciente, ocasionada pela dor mediante a atividade e aliviada ao repouso. Quando a oclusão se dá de forma abrupta, a dor referida é inexorável e de difícil alívio, mesmo com terapia opioide.

O aspecto do membro é pálido ou cianótico, com poucos pelos e atrofia cutânea e ungueal. Já a lesão, nesses casos, é circular, profunda, pouco secretiva.

Já as Úlceras Venosas são caracterizadas por dor difusa, aspecto irregular, geralmente em maléolo medial e secreção abundante. O membro pode apresentar-se edemaciado e escurecido (dermatite de ocre).

Diagnóstico

Uma vez que as úlceras podem ter etiologias variadas, é preciso que seja feita uma avaliação clínica adequada, com análise criteriosa de elementos como: histórico da ferida, exame da pulsação dos membros (femoral, poplíteo, tibial posterior e dorsal do pé). Exames complementares tais como doppler, arteriografia e venografia são também muito importantes. Amostras do leito da ferida e cultura podem ser necessárias para determinação de agente infeccioso em casos de infecção.

Tratamento

Como as úlceras têm grande potencial infeccioso, a antibioticoterapia oral pode ser necessária, mas a tópica é frequentemente inofensiva.

A terapia compressiva (pressão externa ou contrapressão no membro que facilita o retorno venoso para o coração) é útil em úlceras venosas, mas contraindicada nas arteriais. A pressão deve ser em gradiente mais alto na parte do tornozelo e progressivamente mais leve até em cima. As alternativas dessa terapêutica são as meias de compressão elástica (que devem ser retiradas para dormir e recolocadas ao acordar) e as botas de Unna (indicadas apenas para pacientes que deambulam).

Quando a limpeza com SF a 0,9% não é suficiente para a remoção de tecido necrótico, o debridamento pode ser necessário. As modalidades desse procedimento podem ser: cirúrgico, autolítico ou enzimático. Coberturas como alginato e espuma podem ser indicadas no caso de necessidade de absorção de exsudato.

A terapia hiperbárica é indicada para pacientes diabéticos e sem sinais de cicatrização depois de 30 dias de tratamento adequado. O paciente é colocado numa câmara com pressão barométrica e suplementação de oxigênio a 100%. O mecanismo desse tratamento inclui a diminuição do edema por vasoconstricção local sem comprometimento da oferta de O2, aumento da atividade fagocítica e bactericida dos leucócitos. Essa terapia pode ter como efeitos adversos o barotrauma da orelha média e ansiedade de confinamento.

Processo de Enfermagem voltado ao paciente com Úlceras em Membros Inferiores (MMII)

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

  • Integridade da pele prejudicada relacionada à insuficiência vascular;
  • Mobilidade física prejudicada relacionada à restrição de atividade, terapia e sensação dolorosa;
  • Nutrição alterada: menos que as necessidades corporais, relacionada ao metabolismo aumentado pelo processo de cicatrização.

Metas da Assistência de Enfermagem:

  • Restauração da integridade cutânea;
  • Melhora da mobilidade física;
  • Nutrição adequada.

Os cuidados de enfermagem incluem:

  • Manter o curativo limpo e a umidade adequada;
  • Manter posicionamento do membro elevado em caso de úlceras venosas e, abaixo do nível do coração, no caso das arteriais;
  • Evitar traumatismos;
  • Aliviar a pressão dos tornozelos em caso de pacientes acamados;
  • Promover deambulação de acordo com a tolerância do paciente;
  • Incentivar atividades de lazer;
  • Discutir a prescrição de analgésicos antes do horário previsto para essas atividades com a equipe médica quando a dor restringir a movimentação;
  • Ensinar ao paciente sobre a importância do consumo de alimentos ricos em proteínas, vitaminas A, C, ferro e zinco;
  • Determinar quais alimentos são ricos nesses nutrientes;
  • Encaminhar o paciente para avaliação nutricional;
  • Prestar orientações adicionais sobre a importância da adesão à dieta para a recuperação da ferida.

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