ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CETOACIDOSE DIABÉTICA

Definições importantes

A cetoacidose diabética (CAD) é causada pela hipoinsulinemia constante, que resulta em distúrbio do metabolismo dos carboidratos (CHO), proteínas (PTN) e lipídeos (LPD). As três principais alterações clínicas causadas pela CAD são a hiperglicemia, os distúrbios hidroeletrolíticos e a acidose. Trata-se de um risco potencial para pacientes com Diabetes Mellitus do Tipo I (DM I).

Fisiopatologia

Na ausência de insulina, a glicose que deveria entrar nas células, acumula-se no sangue. Sinalizações das células privadas desse CHO estimulam a produção e liberação hepática de glicose, o que sobrecarrega ainda mais o sangue com esse açúcar.

Os rins, então, tentam se livrar desse excesso de glicose, a excretam pela via urinária, às custas da depleção de água e eletrólitos, que se perdem pelo débito renal excessivo. Essa diurese osmótica é a chamada glicosúria e culmina com um excesso de urina a cada micção (poliúria) pacientes em CAD grave podem perder até 6,5L de água, 400 a 500 mEq/L de sódio e potássio num período de 24h.

Outra consequência dessas alterações do binômio insulina/ glicose, é a degradação de lipídios em ácidos graxos livres e glicerol. Esses primeiros metabólitos são convertidos em corpos cetônicos pelo fígado, compostos com baixo pH, que levam o sangue a um estado de acidose metabólica.

DiagramaDescrição gerada automaticamente
Fonte: https://www.eumedicoresidente.com.br/post/cetoacidose-diabetica-no-publico-pediatrico

Clínica

  • Polúria;
  • Polidipsia;
  • Visão turva;
  • Fraqueza;
  • Estado metal que varia do alerta, passando pelo letárgico e chegando ao comatoso;
  • Cefaleia;
  • Hipotensão ortostática;
  • Franca hipotensão, taquicardia e pulsação filiforme;
  • Anorexia, náusea e vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Hálito cetônico;
  • Hiperventilação, também chamada respiração de Kussmaul.

Diagnóstico

  • Glicemia entre 300 e 800mg/dL – alguns pacientes podem atingir valores como 1.000mg/dL, mas a gravidade do quadro não é diretamente proporcional ao nível de hiperglicemia;
  • Diminuição do nível sérico de bicarbonato (0 a 15mEq/L);
  • pH baixo (6,8 a 7,3);
  • PaCO2 baixa (10 a 30mmHg);
  • Elevação do hematócrito e dos níveis de ureia e creatinina.

Tratamento

  • Reidratação isotônica e/ou hipotônica IV;
  • Restauração eletrolítica, com ênfase na correção do potássio e especial atenção para as possibilidades de sequestro desse íon para o meio intracelular mediante à administração de insulina para ajuste da glicemia e para o aumento da sua espoliação mediante à reposição volêmica;
  • Isulinoterapia IV para correção de acidemia.

Uma imagem contendo água, abajur, segurando, comidaDescrição gerada automaticamente
Fonte: http://www.clinicaanzanello.com.br/pt_br/img/especialidades/hidratacao-e-analgesia-endovenosa.jpg

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por CAD

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

  • Déficit do volume de líquido relacionado à poliúria e à desidratação;
  • Desequilíbrio hidroeletrolítico relacionado com perda e/ou deslocamento de eletrólitos para o meio intracelular e/ou pela via urinária;
  • Ansiedade relacionada à perda de controle glicêmico e medo da morte;
  • Déficit de conhecimentos sobre as habilidades de autocuidado e/ou sobre o DM I e suas respectivas complicações.

Metas da Assistência de Enfermagem:

  • Manutenção da hidratação;
  • Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico;
  • Ausência de complicações relacionadas à CAD;
  • Controle da ansiedade;
  • Conhecimento suficiente para o autocuidado e a tomada de boas decisões acerca da própria saúde.

Os cuidados de enfermagem incluem:

  • Administrar solução fisiológica IV;
  • Incentivar a ingesta oral de líquidos quando o paciente for capaz;
  • Monitorar rigorosamente o balanço hídrico, os sinais vitais, o eletrocardiograma, os resultados da gasometria e dos exames laboratoriais e demais clínicas;
  • Tranquilizar o paciente, explicando os cuidados implementados e demonstrando segurança acerca da assistência prestada;
  • Avaliar nível de compreensão do paciente e/ou cuidadores acerca do seu estado de saúde;
  • Investigar a adesão do paciente e/ou cuidadores ao tratamento do DM I;
  • Verificar o conhecimento do paciente e/ou cuidadores sobre os riscos da não adesão ao tratamento;
  • Esclarecer dúvidas e ofertar informações pertinentes para capacitar o paciente e/ou cuidadores a tomar boas decisões;
  • Ensinar sobre aspectos eventualmente negligenciados/ ignorados pelo paciente e/ou cuidadores;
  • Promover a adesão do paciente ao tratamento necessário para a manutenção do bem-estar e segurança.

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