ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE APÓS DISSECÇÃO DO PESCOÇO

As Neoplasias de Cabeça e Pescoço incluem as da cavidade oral; oro, hipofaringe e nasofaringe; cavidade nasal, seios paranaisais e laringe. Dependendo do estágio e da localização, o tratamento pode consistir em radioterapia, quimioterapia, cirurgia e mesmo a combinação dessas modalidades.

As mortes por neoplasias malignas nessa região são atribuíveis, principalmente, às metástases que se dão pelo trânsito nas vias linfáticas, atingindo os linfonodos cervicais, muitas vezes antes que a lesão primária seja adequadamente tratada e essas metástases locorregionais são inacessíveis à abordagem cirúrgica e respondem pouco à quimio e radioterapias.

A dissecção radical do pescoço se trata da remoção dos linfonodos cervicais desde a mandíbula até a clavícula, junto com o músculo esternocleidomastóideo, a veia jugular interna e o músculo espinal acessório em um lado do pescoço. As complicações potenciais dessa intervenção incluem em queda do ombro e alterações estéticas como a depressão visível do pescoço.

Já a dissecção radical modificada é aquela que preserva uma ou mais estruturas não linfáticas, e é uma intervenção mais frequente. A dissecção seletiva, de outro modo, preserva um ou mais grupos de linfonodos, a veia jugular externa, o músculo esternocleidomastóideo e o nervo espinal acessório em um lado do pescoço.

DiagramaDescrição gerada automaticamente

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FONTE: Brunner & Suddarth

As técnicas de reconstrução podem ser realizadas a partir de uma variedade de enxertos. Os mais frequentemente utilizados são os retalhos Cutâneos (pele e tecido subcutâneo) e os Miocutâneos (pele, tecido subcutâneo e parte do músculo peitoral maior).

Para enxertos extensos, pode-se utilizar um retalho livre microvascular, que envolve a transferência de pele, músculo e osso com uma artéria e veia para a área de reconstrução, utilizando microrreconstrução. Para esses casos, são utilizadas áreas escapulares, radiais ou fibulares, sendo essa última a que proporciona a maior área óssea, útil em casos de necessidade de reconstrução madibular.

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por Dissecção do Pescoço

Histórico de Enfermagem:

No período pré-operatório, é preciso avaliar cuidadosamente o estado físico e psicológico do paciente, que podem ser fortemente impactados pelo conhecimento, crenças e fantasias do paciente acerca da intervenção. Esses fatores devem ser cuidadosamente investigados e esclarecidos durante a anamnese.

No pós-operatório, a avaliação de complicações como estado respiratório, hemorragia e infecções. Com a evolução da cicatrização, é preciso determinar a amplitude de movimentação do pescoço para identificar eventuais lesões nervosas ou musculares.

Diagnósticos de Enfermagem possíveis:

  • Déficit de conhecimento sobre os procedimentos trans-operatórios;
  • Eliminação traqueobrônquica ineficaz relacionada a hemorragia, edema ou obstrução por muco;
  • Dor aguda relacionada à abordagem cirúrgica;
  • Risco de infecção relacionado à cirurgia, deficiências nutricionais ou imunossupressão consequente a radio/quimioterapia;
  • Integridade tissular alterada relacionada ao enxerto;
  • Nutrição alterada: menor que as necessidades corporais, relacionada à patologia ou ao tratamento;
  • Baixa autoestima situacional relacionada ao diagnóstico/prognóstico;
  • Comunicação verbal prejudicada em consequência da ressecção cirúrgica.

Metas da Assistência de Enfermagem:

  • Participação na elaboração do plano terapêutico;
  • Manutenção do estado respiratório;
  • Obtenção de conforto;
  • Ausência de infecção;
  • Viabilidade do enxerto;
  • Manutenção de aporte nutricional e de hidratação adequados;
  • Comunicação efetiva;
  • Manutenção da mobilidade do ombro e do pescoço;
  • Ausência de complicações.

Os cuidados de enfermagem incluem:

  • Informar o paciente sobre a natureza e extensão do procedimento operatório e do prognóstico;
  • Incentivar o paciente a expressar suas emoções, medos e angústias;
  • Ajudar o paciente a ajustar suas expectativas;
  • Avaliar capacidade de enfrentamento;
  • Ensinar o paciente a tossir e a respirar profundamente;
  • Posicionar o paciente em semi-fowler após a recuperação anestésica para facilitar a ventilação, a drenagem linfática e venosa e evita a broncoaspiração em caso de regurgitação;
  • Promover conforto;
  • Atentar para os sinais de angústia respiratória: dispneia, cianose, alteração do estado mental e de sinais vitais;
  • Auscultar o tórax do paciente em busca de sons adventícios;
  • Estimular o paciente a tossir e a respirar profundamente;
  • Aspirar o paciente se necessário;
  • Avaliar e tratar adequadamente episódios de dor;
  • Esvaziar drenos da ferida regularmente, avaliando o aspecto da secreção e medindo seu volume;
  • Atentar para a presença de quilo ou hemorragias no dreno e comunicar imediatamente ao médico assistente;
  • Realizar curativos sem excessiva pressão que comprometa a perfusão do enxerto;
  • Avaliar o tecido enxertado quanto à coloração (rosa pálido), temperatura (semelhante à do restante da superfície corporal) e pulso (quando aplicável);
  • Avaliar incisões cirúrgicas quanto a sinais de infecção (drenagem purulenta e/ou fétida);
  • Discutir com o serviço de nutrição a necessidade de suplementação enteral e/ou parenteral;
  • Promover a higiene oral do paciente antes e após a alimentação;
  • Atentar para sinais não-verbais que podem estar associados à incapacidade do paciente elaborar dúvidas, angústias e queixas;
  • Expressar uma atitude positiva em relação ao prognóstico do paciente;
  • Estimular o paciente a aderir ao programa de exercícios físicos elaborados pela equipe multidisciplinar;
  • Monitorar e tratar intercorrências de forma adequada.

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