Anemia

Fisiopatologia

A anemia é uma condição na qual a concentração de hemoglobina está abaixo do normal e significa menos eritrócitos funcionais que o necessário na circulação. Por esse motivo, o transporte de O2 para os tecidos está diminuído e, embora não se trate necessariamente de uma patologia específica, pode ser o sinal de um distúrbio adjacente, tratando-se da alteração hematológica mais comum.

Clínica das Anemias

Além da gravidade de instalação da própria anemia, a velocidade de instalação e a sua duração determinarão de forma importante os sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Em geral, quão mais rápida a instalação do quadro, mais intensa a sintomatologia. 

Pessoas saudáveis podem tolerar razoavelmente uma redução gradual de até 50% da hemoglobina sem reverberações impactantes; no entanto, se essa redução se der de forma aguda, 30% já pode ser o suficiente para deflagrar colapsos orgânicos. 

A pessoa se torna gradualmente anêmica com valores de hemoglobina entre 9 e 11g/ dℓ, no entanto, nesta faixa, a clínica ainda é sutil, sendo comum apenas a ocorrência de taquicardias compensatórias ao esforço e o relato de fadiga. 

Quando a anemia acomete pessoas com outros distúrbios de saúde como os do tipo cardiovascular, respiratórios ou metabólicos, os sintomas tendem a ser mais pronunciados com apresentação de dispneia, intolerância a atividades, câimbras e dor torácica, por exemplo. 

Diagnóstico

O exame diagnóstico típico é o hematológico, no qual se evidencia a baixa de hemoglobina. Serão avaliados, também, hematócrito, reticulócitos, índices hematimétricos (sobretudo o volume corpuscular médio e o RDW). Além desses, níveis de ferro e a ferritina, vitamina B12 e folato podem ajudar a esclarecer a etiologia da anemia. 

Se esses parâmetros não forem suficientes para esclarecer a origem do problema, investigações relacionadas a condições como leucemias ou Síndromes Mielodisplásicas podem vir na sequência, com aspirado de Medula Óssea (MO), além de investigações de perdas sanguíneas via trato gastrointestinal.

Complicações

As complicações incluem insuficiência cardíaca (IC) secundária, parestesias e delírio. Os pacientes com doenças cardíacas secundárias têm maiores chances de apresentar angina e sintomas de IC do que aqueles sem cardiopatias.

Tratamento Médico

O tratamento é sempre direcionado à correção e controle da causa. Quando se trata de anemias graves, correções pontuais podem ser feitas por meio de transfusões sanguíneas (concentrado de hemácias – CH).

Processo de Enfermagem voltado ao paciente acometido por Anemia

Histórico de Enfermagem:

É por meio da anamnese e exame físico que o enfermeiro coleta os dados necessários para o início da determinação da classificação da anemia e do raciocínio crítico acerca de suas repercussões no organismo e possibilidades de enfrentamento.

São esperados sinais e sintomas como palidez de pele e mucosas, fraqueza, fadiga, mal-estar generalizado. (No caso das anemias megaloblásticas, espera-se por uma coloração cutânea ictérica em vez de pálida e por mucosa vermelha e lisa na língua, no caso de anemia ferropriva.)

Pode-se observar, também, lesões nos cantos dos lábios, denominadas queiloses, e unhas enfraquecidas. Pacientes com anemias do tipo ferropriva podem, ainda, referir desejo de consumir alimentos como terra ou tijolo, denominado desejo de pica.

O enfermeiro deve investigar o uso abusivo de álcool, dietas com restrição de vitamina B12 e folato, além de exposições a medicamentos ou radiações capazes de interferir na atividade normal da MO. Atividades físicas extenuantes também podem interferir sobre a meia vida dos eritrócitos e na eritropoiese.

Por fim, destaca-se a importância do levantamento do histórico familiar, pois determinadas anemias podem ter origem hereditária.

No exame físico, o estado hemodinâmico deve ser bem avaliado: frequência cardíaca, estado dos pulsos e perfusão periféricos, bem como pressão arterial. Na avaliação do sistema gastrointestinal, deve-se procurar por sinais de hepatomegalia, dores abdominais e históricos de náuseas, vômitos ou defecações com sinais de sangramento.

Mulheres em idade fértil devem ser investigadas em relação à menstruação (fluxo, duração, etc). Os membros devem ser avaliados em relação a edemas e dormências, pois a anemia perniciosa pode afetar o sistema nervoso causando ataxias e incoordenações. Concomitantemente a essas observações, deve-se monitorar os exames laboratoriais.

Diagnósticos de Enfermagem:

Fadiga relacionada à redução da hemoglobina e à capacidade diminuída de transporte de oxigênio do sangue.

Nutrição alterada – menor que as necessidades corporais – relacionada ao aporte inadequado de ferro, vitamina B12 ou folato.

Perfusão tissular alterada, relacionada com níveis de hemoglobina e hematócrito inadequados.

Recusa em aderir à terapêutica/dieta prescrita.

Planejamento e Metas de Enfermagem:

As principais metas constituem a diminuição da fadiga, a obtenção e manutenção de uma nutrição adequada, manutenção da perfusão tecidual satisfatória, adesão à terapia prescrita e regressão e ausência de complicações como confusão, parestesias, angina e IC.

Prescrições de Enfermagem:

Para Mitigação da Fadiga:

  • Ajudar o paciente a priorizar atividades essenciais para seu autocuidado e bem-estar.
  • Estabelecer equilíbrio entre atividades e repouso que seja tolerável para o estado clínico do paciente.
  • Ensinar para pacientes com anemia crônica sobre a importância da manutenção das atividades físicas necessárias para evitar seu descondicionamento físico.

Para Manutenção de uma Nutrição Adequada:

  • Incentivar alimentação saudável.
  • Ensinar o paciente sobre os efeitos deletérios do álcool para a utilização de micronutrientes essenciais.
  • Envolver os familiares no plano terapêutico e educacional quando necessário.
  • Explicar sobre a importância da adesão à suplementação alimentar, quando prescrita.
  • Ensinar sobre os riscos de intoxicação no caso de excesso de suplementação.
  • Promover adesão à terapia prescrita.

Para Manutenção da Perfusão Adequada:

  • Suplementar O2 para manter a saturação com o alvo entre 92% e 98%.
  • Monitorar rigorosamente os sinais vitais.
  • Avaliar o hemograma e discutir a necessidade de hemotransfusão com a equipe multiprofissional.

Para a Promoção de Adesão Terapêutica:

  • Ajudar o paciente, familiares e cuidadores a compreenderem a importância da adesão ao tratamento para o alcance do melhor estado de saúde possível.
  • Explicar sobre potencial terapêutico, possíveis efeitos colaterais, alternativas e prognósticos para que o paciente ou seu responsável legal tome decisões baseadas nas melhores informações e evidências.

Auxiliar o paciente, familiares e cuidadores a implementar o plano terapêutico de acordo com suas rotinas particulares, propondo soluções estratégicas para seus problemas.

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